As Rotas do Frio – Serra RS / SC
No final de semana do dia dos namorados, resolvemos aproveitar bem o friozinho e passear pela Serra Catarinense. Convidamos a mana e o cunhado (Lais e Tiego) para nos acompanhar e partimos.
Na sexta-feira saímos de Ibiraiaras no fim da tarde e fomos até Lages/SC para pousar e poder sair cedinho no dia seguinte.
Trajeto detalhado – Google Maps
Ficamos no Hotel Ibis Lages.
No sábado pulamos da cama cedinho, para pegar a estrada as 7h e chegar em Urupema a tempo de ver a paisagem branquinha de geada no Morro das Antenas e a Cascata que congela.
Lá fora, o carro coberto de gelo e os termômetros marcando -2 graus. Depois de conseguir descongelar o para-brisas, seguimos em direção a Urupema (50 km de Lages). Eis que, 20km depois, um barulho estranho e….sim….pneu furado. Pensa na raiva, na falta de vontade de sair do carro com aquele frio (modestos -3°c e geada), fora o tempo perdido. Demoramos um pouquinho até encontrar todas as ferramentas pois, até então nunca tínhamos precisado delas. Pneu trocado, seguimos viagem!
Enfim, chegamos na Cascata que Congelada e a subida para o Morro das Antenas. Mesmo com sol os termômetros marcavam -7°c, mas a sensação térmica segundo vimos no noticiário mais tarde era de -30°c (Olha a notícia da Globo).
No caminho antes de chegar até a cachoeira e ao estacionamento a paisagem era impressionante: tudo branquinho, gelado e lindo!
Deixamos o carro estacionado e seguimos para a trilha até a cachoeira maior que acabou sendo bem demorada, apesar de ter uns 500m. A fila pra vê-la era enorme. Como a trilha é em meio a mata, o terreno estava úmido e escorregadio os pés congelaram de forma a não sentir mais os dedos, a sensação era de que íamos perde-los de tãaaao frio que estava…heheh. Mas valeu muito a pena a espera porque a cachoeira é surreal. Ela fica completamente congelada, com um único filetezinho central de água escorrendo. Essa é a cascata número 02, a maior. Existe também a número 01, que é de mais fácil acesso, porém é menor e menos deslumbrante.
A segunda parada foi no Morro das Antenas, onde naquelas alturas a geada já havia descongelado. O nosso imprevisto com o pneu acabou prejudicando essa parte do passeio, mas a vista lá de cima é linda e é óbvio que o vento é absurdamente gelado, A 1.730 metros de altitude não poderia ser diferente. A estradinha que leva até o morro é de chão e estreita. Dá pra subir de carro, mas é preciso ter cuidado.
Depois de um mate pra aquecer e de descongelar os dedos dos pés, seguimos por uma estrada com trechos bem sinuosos até Urubici. Como chegamos perto do meio dia, já procuramos lugar para almoçar. Paramos em uma Churrascaria bem movimentada, Churrascaria Amorim, na entrada da cidade. Lugar bem mais ou menos pra quem é acostumado com as churrascarias gaúchas, apesar do pessoal bem atencioso no atendimento.
Depois do almoço, sem muito descanso, fomos até o Morro do Campestre. Fica na Fazenda Morro da Cruz, uma propriedade particular a 8km da cidade, por estrada de chão. O acesso ao morro se dá também por estrada de chão e o ingresso é de R$ 5,00 por pessoa para entrar. A última parte da estrada (é um trecho curto) que leva a parte mais alta do morro só pode ser acessada a pé ou com 4×4. A vista lá de cima e a formação rochosa são muito bonitas e interessantes. Vale muito a visita!
Voltando em direção a cidade e seguindo sentido São Joaquim fomos até a Cachoeira do Avencal. São 100m de queda livre, de um riachinho. Dá pra chegar de carro até a parte de cima da cachoeira…pagando outros R$ 5,00 de ingresso por pessoa. A paisagem impressiona e o local convida para os esportes radicais. O próprio parque tem a tirolesa (R$ 30,00) e muita gente leva equipamento pra rapel, highline, etc…
Nessa função, conhecemos a Raiane, uma maluca (hahah) que fazia o Highline enquanto tirávamos fotos do lugar. Minha mão suava só de assistir a cena e ela cheia de coragem se divertia a 100m de altura caminhando sobre a fita elástica, caia ficando de cabeça para baixo, depois se equilibrava e seguia. Eu com um frio enorme na barriga, ela sorrindo sempre… Incrível, incrível!
Como na última passagem por Urubici tínhamos passado pelo Morro da Igreja, a Pedra Furada e a Serra do Corvo Branco (as atrações mais conhecidas da cidade), dessa vez optamos por seguir até a Serra do Rio do Rastro, via Bom Jardim da Serra.
Logo depois de Bom Jardim, sentido Rio do Rastro, bem na beira da estrada tem um mirante com uma escadaria, que dá acesso a Cascata da Barrinha. Vale uma parada, com certeza!
Antes de descer a serra, entramos a direita numa estrada de chão para conhecer o Parque Eólico, que já pode ser visto da estrada. Paisagem linda!
Logo a frente, uma das maravilhas formadas por natureza e mão humana: a famosa Serra do Rio do Rastro. Não era a primeira vez que passávamos por ela, mas cada vez ela impressiona de forma diferente. Dessa vez descemos muito lentamente, por conta do trânsito de caminhões e ônibus subindo e descendo a serra, o que causou enorme congestionamento por precisarem manobrar a cada curva. Aproveitamos para apreciar cada quilômetro com toda atenção!
Ao finalizar a descida, mais 60km até Criciúma. Já havíamos reservado o hotel com o mesmo programa de pontos da Accor. Ficamos no Ibis Criciúma, que tem um shopping atravessando a rua. Nos divertimos o resto da noite jogando boliche no BBbowling, petiscando e tomando um chopinho porque ninguém é de ferro…hehe.
Na região metropolitana de Criciúma, em Forquilhinha, fica a Cervejaria Saint Bier. Tínhamos a intenção de passar por lá, mas não abria no domingo (só de quarta a sábado). Fica a dica para quem gosta!
No domingo, antes das 8h tomamos café e saímos rumo a Praia Grande, no pé da serra, depois em direção Cambará do Sul, pela Serra do Faxinal. O caminho é de asfalto até Praia Grande, sobe a serra com estrada de chão intercalada com trechos de asfalto (uns 6 km de asfalto e o restante de terra) cortando o Parque Aparados da Serra. A estrada está em obras até a divisa com o RS, com muita pedra solta no caminho. A vista do alto é bem bonita. Dá pra ver até a praia a 40km de distância, mas o ventinho é gelaaaaaado (são 1.010m de altitude). De Cambará, fomos em direção a São José dos Ausentes pela RS-020.
Visitamos o Canion Itaimbezinho (R$ 8,00 por por pessoa + R$ 5,00 do carro para entrar). Optamos pela trilha mais curta pois o dia anterior tinha sido puxado demais e as pernas já não estavam ajudando muito. Como já mencionado em outros posts…nosso turismo é o do aventureiro sedentário. 😉
Saindo do Parque fomos até Cambará do Sul por uma estrada terrível, com muita pedra (18km de chão). De Cambará seguimos em direção a São José dos Ausentes. São 12km de asfalto e outros 30 e tantos km de chão, piores do que os anteriores. Ficamos tristes demais de ver que lugares tão incríveis do RS são tão pouco valorizados sem o mínimo de estrutura!
Antes de chegar em Ausentes, um pequeno desvio da rota, pra ir até o mirante da Serra da Rocinha (que liga o RS a SC pela BR-285, tão mal conservada a partir de Ausentes quanto a RS 020). São 3 km terrivelmente conservados até chegar ao Mirante. Lá tem até rampa de vôo livre e uma visão panorâmica da serra…e tem também um vento medonho, mas a vista compensa! Quem saltar com uma asa delta de lá chega ao mar lá longe (bem mais legal que descer pela estrada pedregosa e esburacada).
De volta à rota, são mais 13 km de chão (passando pelo Vale das Trutas, que é convidativo pra um próximo passeio), até chegar ao asfalto, e outros 6 km até Ausentes. As obras no asfalto estão paradas há um bom tempo, atrasando o desenvolvimento da região e deixando maravilhosos lugares da serra abandonados. Fepam e Governo Federal tem que criar vergonha na cara pra chegar a um meio de viabilizar essa estrada de uma vez…
Tem tanto lugar legal nos Campos de Cima da Serra, que já fizemos 6 ou 7 viagens por lá e ainda tem coisa pra conhecer.
E de lá…rumamos pra casa, depois de 950km percorridos no final de semana.
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Autor
thaisforcelini@gmail.com
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