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Como falamos no post anterior, nesse trecho é que realmente a viagem começou. Acordamos cedinho e partimos rumo ao norte.

Objetivo do dia: Chegar a Tupiza, primeira cidade com alguma estrutura no trajeto boliviano.

No caminho, Jujuy, Purmamarca e a Quebrada de Humahuaca, até chegar a La Quiaca, a cidade fronteiriça do lado argentino. Lá cruzamos o Paso La Quiaca / Villazón para entrar na Bolívia.

Primeiras Llamas da viagem – no Altiplano argentino

O trâmite de Migração e Aduana é de uma modernidade ímpar: tudo anotado num cadernão que lembra o século 19. O “controle” de entrada do carro na Bolívia é a placa, uma conferida no documento e a assinatura do motorista nesse cadernão de ata. Computador não deve aparecer por lá nesse século…

No processo de migração, conhecemos alguns personagens que se tornariam parte da nossa viagem: 4 motociclistas argentinos que seguiam rumo ao Peru, e um casal de bolivianos que retornavam do Atacama para La Paz. Daqui a pouco citamos o porquê…

Logo que saímos da fronteira, a primeira providência foi procurar um posto para abastecer. Afinal, a notícia que se tinha era de que um litro de gasolina custaria em torno de R$ 1,00. #sqn

Chegando ao único posto da cidade de Villazón, um guarda do exército que acompanhava o frentista nos informou que placas estrangeiras eram proibidas de abastecer em postos da fronteira, mesmo que pagassem o preço internacional (sem o subsídio do governo, e muito parecido com o preço brasileiro na época, em torno de R$ 2,70).

Com o tanque quase vazio e 90km pela frente até Tupiza, o jeito era seguir e rezar…

O casal boliviano tinha nos indicado o Hotel Mitru, em Tupiza…e foi lá que aportamos. Quando chegamos, lá estavam eles também.

Saímos para girar pela cidade, procurando um restaurante. Quando achamos uma pizzaria…lá estavam eles. Parecia perseguição hehehe.

Mas… eles também nos informaram sobre uma paralisação de caminhoneiros que iria ocorrer no dia seguinte, a partir das 06:00h da manhã, e que fecharia a única saída da cidade na direção que queríamos seguir. Chegamos de volta ao hotel e encontramos também os motociclistas argentinos, com quem confirmamos a paralisação. Falamos com a polícia…que nos disse o mesmo.

Enfim, conversamos com o pessoal do hotel, que negociou a estadia das 16:00h às 21:00h por meia-diária…e decidimos seguir rumo a Potosí, 250km ao norte, saindo as 21:30h. E foi aí que a coisa ficou emocionante!

E é disso que falaremos no próximo post…

Igreja na praça central em Tupiza

Para Entender a Bolívia:

Se me pedissem para descrever a Bolívia em uma palavra, eu diria: marrom. Sim, tudo é muito marrom e poeirento, a maioria das estradas são de terra, pouca vegetação verde (aqui falando da região altiplânica). Mas com certeza é um dos lugares com as paisagens mais loucas e encantadoras que já vimos.

Esse país, que antes da colonização européia, fazia parte do Império Inca, hoje passa por instabilidades políticas e dificuldades econômicas. A moeda utilizada é o Boliviano.

As pessoas resumem as características do país: com um ar sofrido, rostos fechados e poucos sorrisos. São acanhados até para dar informação.

As Cholas, como são chamadas as mulheres da Bolívia, que cultivam a tradição, com suas peculiares vestimentas de origem indígena. Com suas saias rodadas com várias camadas de pano (que imaginávamos serem trajes montados para cenas de TV, mas não, são as vestimentas do dia a dia), uma espécie de chale colorido nos ombros, usam cabelo dividido ao meio de onde partem duas tranças enormes e os chapéus-coco que são indispensáveis para compor o look…heheh…

As viúvas usam preto, da cabeça aos pés, diariamente. E as crianças, uma graça, carregadas nas costas das mães, enroladas num pano preso ao corpo de quem as leva, embrulhadas, quietinhas, debaixo daquele sol escaldante, vão sacolejando sem reclamar.

As Cholas viúvas continuam se vestindo de preto.

Falando em sol, o clima: um sol de rachar, sem umidade alguma e ao mesmo tempo um vento gelado que te faz permanecer agasalhado, são somente um dos contrapontos desse país.

A altitude: no altiplano, ela é sufocante. São em média 3.500 a 4.000m s.n.d.m.. Ar é artigo de luxo e as folhas de coca ajudam a enfrentar o problema.

Estradas: as principais vias estão sendo asfaltadas. E quando falam que estão sendo…é isso mesmo. Obras, obras, desvios, mais obras, desviiiiiiiios intermináveis e mais obras.

Pedágios: Caso único no mundo. Um cenário pra ilustrar:

Estrada de terra. De repente surge uma barreira. Olhamos para o lado e essa bela estrutura da foto abaixo nos aguarda. Motorista desce e entra no prédio. 3 mesinhas aguardam. O primeiro cidadão pede para onde vamos e entrega tickets de valor condizente ao destino. Na segunda mesa, motorista paga o valor e carimba os tickets. Na terceira, um policial confere se está tudo certo. Tudo isso num ambiente escuro e mesas dos anos 50 ou 60. Tudo muito prático e rápido (#sqn de novo).

Ainda tem um quarto cidadão, do lado de fora, responsável por abrir a cancela (ou soltar a corda que serve como barreira, em alguns casos). Sensacional…

Que tal o Pedágio????




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Autor

thaisforcelini@gmail.com

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