Nara: a Cidade dos Templos e dos Cervos – 2018
Deixa contar como foi a nossa ida até Nara. Pra variar, alguma coisa fora do roteiro sempre acontece nas nossas viagens, e acho que na de todo mundo, não é?…e é aí que as melhores histórias surgem… 🙂
Saindo do Monte Koya, nosso plano era dar uma passadinha em Nara, antes de seguir pra algum lugar mais próximo a Tokio.
Para fazer esse trajeto, deveríamos pegar os ônibus e trens até a Estação Hashimoto, de onde deveríamos pegar o trem no sentido leste, até Nara. Erramos…e acabamos indo para oeste, sentido Wakayama. Umas duas paradas depois, percebemos o erro e descemos correndo do trem com as malas, para conseguir chegar a tempo de pegar o trem certo, que estava vindo do outro lado. Precisávamos atravessar para o outro lado da plataforma.
E imagine duas criaturas atrasadas, carregando a bagagem da viagem toda, tendo que subir e descer correndo lances enormes de escadas com todo aquele peso (reitero a dica de levar pouco peso ao viajar pelo Japão). Lembro de ter passado por um guardinha e, a cara de pena que ele fez, tá guardada até hoje na minha memória…hahah….Tiago se adiantou na corrida e conseguiu alcançar o trem, quando finalizei o último lance de escadas, com a língua de fora, enxerguei ele com um pé pra dentro e outro pra fora do trem segurando a porta para que não fechasse. Em resumo conseguimos atrasar um trem japonês….tem noção da gravidade disso??kkkk
Um erro logístico aqui nos custaria 2 horas parados numa estação de trem no meio do nada.
Depois de conseguir segurar o trem, seguimos para o lado certo até Nara. Nara é aquela cidade japonesa em que você encontra os cervos andando pela rua.
Na verdade esses cervos vivem no Parque de Nara. São mais de 1200 que ficam por ali , andando livremente entre as pessoas e também pela cidade. Esses animais eram considerados sagrados nos tempos antigos e acredito que, para os japoneses, ainda sejam. Apesar dos cervos estarem acostumados com pessoas, eles são animais selvagens que nunca foram domesticados.
Todo mundo se diverte dando biscoito para os animais. Os biscoitos são vendidos em vários pontos do parque e eles já ficam rondando as pessoas esperando ansiosos pela guloseima. Só é preciso tomar cuidado porque os mais esfomeados pulam nas pessoas, puxam sua roupa com a boca para chamar atenção, vimos um comento uma sacola de compras de uma senhora desatenta que não tinha mais biscoitos para oferecer…heheh é preciso só ficar de olho.
O Parque de Nara tem cerca de 520 hectares e tem muita natureza, jardins para visitar e fica próximo de Templos bem conhecidos.
Fomos caminhando desde a Estação Nara até o Templo Todaji, que fica no Parque Nara. O que fizemos em cerca de meia hora.
Dentro do Parque há vários templos e o Museu Nacional de Nara. Fomos conferir o principal deles, o templo budista Todaji, o Grande Templo do Leste. Ele é o maior prédio de madeira do mundo e a construção atual data do século XVIII. Porém, o que mais surpreende é saber que antes de sofrer com incêndios, terremotos e guerras ele era trinta por cento maior do que o atual. Foi construído, inicialmente, na época em que Nara era capital do Japão, em 752. Abriga o Grande Buda Daibutsu (o Buda da Luz), a maior estátua do mundo feita em bronze com 14,7m de altura.
Sua pose com a palma da mão direita levantada à frente e a mão esquerda com a palma para cima sobre o joelho significa que ele dá força às pessoas com a mão direita e promete atender aos desejos delas com a mão esquerda. O tronco de Buda foi restaurado várias vezes ao longo dos anos, mas a parte com a pétala de lótus usada como fundação e as pernas permanecem exatamente iguais à época da construção.
É uma das sedes japonesa da escola de budismo Kegon
Um pouquinho de história, porque esse lugar merece ser explicado:
“Em 743, o Imperador Shomu emitiu uma lei em que afirmava que todas as pessoas deveriam se envolver diretamente no estabelecimento de novos templos budistas em todo o Japão. Sua crença pessoal era de que mostrando tal piedade iria inspirar Buda a proteger seu país de novos desastres. Gyoki , com seus alunos, viajou para as províncias pedindo doações. De acordo com os registros mantidos em Todai-ji, mais de 2.600.000 pessoas ajudaram a construir o Grande Buda e seu Jardim. Alcançando uma altura de 16 m, o Buda original foi construído de um conjunto de oito peças que levaram três anos para serem fundidas, da cabeça e pescoço foram construídos em conjunto como um elemento separado. A construção da estátua foi iniciada em Shigaraki. Depois muitos incêndios e terremotos, a construção foi finalmente retomado em Nara, em 745, e do Buda foi finalmente concluído em 751. Um ano depois, em 752, a cerimônia de abertura dos olhos (Kaiguen Shiki) foi realizada com a presença de 10 mil pessoas para celebrar a conclusão do Buda. O monge indiano Bodhisena realizou a cerimônia na presença do Imperador Shomu. O projeto quase faliu a economia do Japão, consumindo a maior parte do bronze disponível na época.
O complexo original continha também dois pagodes, com sete andares que simbolizam os cinco elementos tradicionais e o sol e a lua. Com mais de cem metros de altura, o dobro dos mais altos pagodes japoneses existentes hoje em dia, mas mostram o domínio da construção de madeira com moldura, talvez perdendo apenas para as pirâmides do Egito. Estes prédios não existem mais foram destruídos por um terremoto.” (Fonte: Wikipedia)
Nara tem Templos que figuram entre os mais antigos do Japão. Entre eles estão: Todaji (que falamos acima), Kofukuji, Kassuga Taisha Shrine, Gangoji, Toshodaji, Yakushiji e Heijo.
Essa cidade foi nossa base para conhecer o Monte Koya e só passamos por ela praticamente…é muito pouco. Precisa de pelo menos uns dois dias pra conhecer tudo o que Nara tem a oferecer.
Hospedagem:
Ficamos no Hotel Nikko Nara, estrategicamente localizado ao lado da Estação Nara, o que facilitou muito a logística de deslocamento.
Autor
thaisforcelini@gmail.com
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