Salto de Tequendama: lindo e sombrio – 2017

Voltando de Medellín, tínhamos ainda uma manhã em Bogotá antes de pegar o vôo para Cartagena.

Como devolveríamos o carro só ao meio dia no aeroporto, aproveitamos cada segundo (literalmente) com ele e fomos checar uma dica de passeio do nosso querido amigo Hyke Slongo.

Fomos conhecer o SALTO DE TEQUENDAMA, que fica no município de Soacha, a 35km de Bogotá e levou, na ida, cerca de 1:10h.

O local é formado por um penhasco de mais de 150m em forma circular, complementado por uma queda d’água impressionante sempre envolta por uma neblina e, pra finalizar o cenário, um hotel abandonado.

Vamos contar um pouquinho da história que cerca esse local para que você entenda o que sentimos lá.

• Em 1928 foi inaugurado o luxuoso Hotel Del Salto, com vista para a queda d’água e para o penhasco.

• Em 1940 iniciaram as obras para a construção da Represa Del Muña, que represa as águas do Rio Bogotá.

• Em 1985 inaugurava a Hidrelétrica El Charquito que usa a água do Rio Bogotá, que forma o Salto.

• Com o desenfreado crescimento de Bogotá, o rio e seus afluentes foram seriamente contaminados e esse conjunto de acontecimentos fizeram com que se perdesse o principal atrativo turístico do local e o hotel acabou sendo fechado e praticamente abandonado.

• Somente em 2014 foi restaurado e se tornou a Casa Museu Salto de Tequendama Biodiversidade e Cultura, hoje aberto para visitação.

Paira sobre esse local uma fama de ser mal assombrado ou maldito, por conta dos inúmeros suicídios que aconteceram ali. Uns acreditam que a geografia do local favorecia os suicídios, pois a morte seria certa e definitiva e o resgate dos cadáveres era algo impensado. Outros creem que o lugar atrai estranhamente as pessoas a pular do penhasco.

Um exemplo disto é um caso relatado pelo jornal colombiano El Tiempo, em 27 de janeiro de 1941, que conta a história de um ex-policial chamado José Suárez, que levou sua namorada para uma caminhada no Salto, já que este, além da fama dada pelos suicídios, foi um ponto de encontro cultural para o povo de Bogotá no início do século XX.

O relato diz que, enquanto caminhava, Suárez parou, beijou sua namorada, Isabel Vargas, subiu uma pedra, colocou uma mensagem no chapéu e saltou para outra vida. A mulher tentou pular também, mas foi detida por um policial.

No entanto, a maioria dos suicídios aconteceram por amor, por dívidas, por descobrir uma doença terminal, embora alguns também tenham saltado na solidão e simplesmente tenham pulado no salto sem razões aparentes.

Não se sabe ao certo o número de pessoas que morrem nesse lugar, mas chegou um tempo em que acontecia cerca de um suicídio por dia e policiais foram disponibilizados pelo governo para guardarem o local. Era tamanha quantidade de suicídios ali que elementos da natureza começaram a ser nomeados como: a Pedra dos Suicidas, o Lago dos Mortos.

Até hoje há relatos de fenômenos paranormais no local. Gritos, aparições, ruídos estranhos são algumas das coisas que são ouvidas na casa que, desde 1924, foi testemunha silenciosa dos suicídios no salto.

Um dos lugares mais bonitos e sombrios que visitamos…. e realmente a contaminação do rio foi o fator determinante para a decadência e abandono do hotel. Pode-se sentir o mau cheiro causado pela poluição já nas redondezas, antes mesmo de chegar ao Salto. Uma pena!

Mesmo assim vale muito a visita!

Para exemplificar mais uma vez o caos do trânsito de Bogotá, saímos do Salto às 10:30h e quase não conseguimos chegar ao aeroporto para devolver o carro ao meio dia (prazo máximo). Muito diferente dos finais de semana onde tudo é mais tranquilo, embora as Carreras (avenidas) 5 e 7 sejam fechadas para os carros, as demais avenidas tem tráfego muito tranquilo. Durante a semana é preciso se programar com muita folga para não perder os compromissos por culpa do trânsito. Enfim, conseguimos chegar ao aeroporto com 5min de atraso!! Foi tenso!

DICA: na Colômbia, ao devolver um carro alugado eles cobram uma taxa de limpeza (ou lavagem) de cerca de COP 20.000 (R$ 23). Não conhecíamos essa regra, mas por lá é de praxe. Se não quiser pagar, tem que devolver o carro limpo.